Angola, vinte e um anos de Paz duradoura
Costuma-se dizer que o Kandandu (aperto de mão, seguido de um abraço apertado), o sorriso, comunicam muito mais do que aparentam. Entre todos esses nobres gestos, o aperto de mão é rico em significados.
Num dia como hoje, há precisamente 21 anos atrás, Angola e o mundo tiveram o prazer de testemunhar aquele que pode ter sido o mais emblemático aperto de mão da história recente de Angola.
Acto que teve lugar no Palácio dos Congressos, onde, 24 horas antes, deputados angolanos aprovaram uma Lei de Amnistia, à favor de todos cidadãos, angolanos e estrangeiros, envolvidos em crimes contra a segurança do Estado cometidos no contexto do conflito armado. O emblemático aperto de mão seguido de um forte abraço apertado entre irmãos, foi feito entre os Generais Armando da Cruz Neto e Abreu Muengo Ukwachitembo “Kamorteiro”, sob olhar atento de quem dirigia o país naqueles anos considerados, difíceis. O sorriso refletido no rosto do então Presidente da República, José Eduardo dos Santos, demonstrava a sua satisfação por aquele momento tão significativo para o futuro dos angolanos e de Angola.
Entre as várias reuniões, que colocaram dirigentes das duas partes desavindas à mais de três décadas numa mesa de conversações, o acto de 4 de Abril de 2002, foi a certeza de que os angolanos, sepultaram, o conflito armado para sempre. Este pacto, assinado pelos chefes das Forças Armadas Angolanas e das forças militares da UNITA merece ser relembrado, anualmente, para que tomemos consciência do que foi o período armado. Angola viveu um dos maiores conflitos da história humana, uma imagem de instabilidade, que impediu o crescimento demográfico dos angolanos, a evolução de quadros angolanos, o crescimento económico e evolução política e social de Angola. A guerra angolana causou mais de meio milhão de mortos e centenas de milhares de famílias longe das suas zonas de origem.
A persistente tentativa de se chegar à um permanente acordo entre as partes desavindas, evidenciado pelos vários tratados assinados por ambas as partes, pode também servir de evidência sobre a experiência e maturidade política dos angolanos, na resolução de conflitos armados.
A assinatura do tratado de Paz de 4 de Abril de 2002, num acto solene, marcou o fim de uma guerra que de tão prolongada pareceu fazer parte da sina dos angolanos e a paz uma miragem telescópica, ou podemos dizer, o sonho distante. Mas a paz já está aqui, resta-nos decidir o que fazermos com ela (progredir ou regredir).
Os angolanos conhecem a guerra, e conhecem a Paz. Os angolanos conhecem a diferença entre os dois cenários, e sabem que apesar dos vários desafios que o país ainda enfrenta, no que diz respeito a satisfação da vida comum em Angola, a Paz continua a ser o único cenário capaz de produzir diálogos correctos à todos os níveis, que permitirão com que o país continue a caminhar dentro da avenida do progresso sócio-político-económico-cultural.
Hoje 4 de Abril de 2023, vinte e um anos depois, a diáspora angolana, é chamada para refletir e sugerimos uma reflexão profunda, sobre como ela (a diáspora) pode participar de forma positiva, no desenvolvimento de Angola. A diáspora, pode e deve ser parceiro de Angola em vários domínios. Os ricos quadros da diáspora devem entre si dialogar e criar soluções que possam servir de contribuições para a nossa terra de origem.
O governo por sua vez deve criar políticas que possam permitir a inclusão positiva da diáspora (sem receios) nas questões do país, exemplo: políticas que permitam o envio legal de receitas para o país, políticas de incentivo ao investimento de cidadãos angolanos que residem no exterior em Angola, políticas que permitam a inclusão de angolanos residentes no exterior em projectos habitacionais, políticas que permitam com que angolanos no exterior por via do seu mérito, possam concorrer para cargos públicos e privados.
É necessário que compreendemos que é só com a Paz, e dentro de um ambiente de respeito pelas normas do país, é que encontraremos o ambiente correcto para dinamizar o progresso.
Assim como bactérias e vírus desenvolvem em ambientes tóxicos, progresso nenhum, é derivado, de ambiente tóxico.
A Paz não é da UNITA nem do MPLA é dos angolanos e é para ser valorizada, mantida e evoluída por cada um de nós.
Fonte: Zwela Press/Londres