Se a Capoeira é uma arte marcial de matrix angolana – Saiba o nome da arte marcial original?
Tudo acontecia nos arredores do rio Kunene no sul de Angola…
Engolo ou NGolo (palavra Kikongo que significa força, poder) é um ritual de combate praticado, por vários grupos étnicos no sul de Angola nos arredores do rio Kunene. [1] O estilo de luta envolve vários chutes, esquivas e bassulas, com ênfase nas posições invertidas, ou seja, com uma ou mais mãos no chão.
A primeira menção de Engolo na literatura foi feita por Albano Neves e Sousa em um conjunto de desenhos demonstrando várias técnicas e suas semelhanças com a Capoeira afro-brasileira dos anos 1960. Engolo é uma das várias artes marciais africanas também praticadas na diáspora africana nas Américas.
Neves e Sousa descreveu Engolo como parte de um ritual de passagem, Omuhelo, entre rapazes que disputam uma noiva no concurso e cujas técnicas derivam da forma peculiar como as Zebras lutam entre si.
Uma outra pesquisa realizada pelo Dr. TJ Desch Obi concluiu que o Engolo em si não é estritamente executado para qualquer ritual, mas como um elemento exibidas em várias apresentações públicas e privadas. Em seu livro Fighting for Honor, bem como em seu artigo “Combat and Crossing of the Kalunga”, Desch Obi traça paralelos entre o espaço do círculo usado no Engolo e as técnicas invertidas com a cosmologia Kalunga, na qual o mundo ancestral do espírito está invertido como um mundo de opostos: onde os homens andam sobre os pés, os espíritos andam sobre as mãos, onde os homens são negros, os espíritos são brancos, onde os homens atingem o auge da sua capacidade física na vida, os ancestrais atingem o seu ápice espiritual. Ele afirma que os homens, ao realizar o Engolo com suas posições invertidas, se conectam física e espiritualmente com os ancestrais e com guerreiros ancestrais específicos do passado.